05:59
Uma gangue de periquitos celebra minha insônia
Rasgando paina diante do janelão
(Como hão de fazer um dia com as almofadas
meus filhos e o incorrigível schnauzer Tempestade)
06:03
Brasília é areia que escorre de uma garrafinha
Ou pra dentro dela?
06:46
O sol balão escapa para sobre os ministérios
Que tentavam encaixotá-lo
07:00
Uma paineira ganha, justo quando você piscou, a peruca rosa para o tronco de espinhos:
Mas março mal começou!
18:36
O fotógrafo voa para o memorial
E consegue botar a lua na mão de JK
13h50
Um pombo pé-de-pirata
Joga pro estômago o fast-trash
Num Giraffas qualquer
11:55
Foi registrado o avistamento de um pedestre –
Vivo!
Viva!
Ao vivo!
18:50
Um fora-bush se maldivisa
No viaduto que a noite vai apagando
23:15
Figurinha parda carimbada
Beberibica o on-the-rocks
Cisca o pistache
E discute in-private a próxima
Invasão de luxo
11:00
POP!
IPÊ
BRANCO
PIPOCA
17:35
São pedestres, não há dúvida
E devoram uma Pajerinho em 20 s
(Fosse um Ka, pronto, bastavam 13)
12:00
Sol
E só:
Carne-de-sol
14:35
O mendigo, desperto:
Estarei eu no setor certo?
15h45
O PM comendo da mão de um dos quatro evangelistas de Ceschiatti
E eu perco a foto
18:01
Meu fusca segue carimbando o asfalto
E enviando manifestações de apreço ao Sr. Diretor
Como escreveu Nicolas Behr
A quem dedico este poema
08:40
Pulo pra dentro da zebrinha
Que, de vermelha
Quadrada
Sem listra
De zebrinha não tem nada
10:15
Arru-da-na-Pa-pu-da!
Pê-Ó-no-xi-lin-dró!
10:16
Capacetes
Cassetetes
Cascos
14h30
Taças tinindo
Talheres pra todos guardanapos fornos se abrindo
É domingo
E não há sinuca aberta
Se você não tem família aqui
Sei lá, negão
Aí
Aí tá sinucado
08:41
E sei que hoje treze me dirão
A seca neste ano vai ser braba
No ano passado meu nariz sangrou
Comprei um borrifador
Uso toalha molhada
03:17
Já todos dormem
Exceto Junior, filho do poder, que
Cabeça tinindo de coca
Pratica o esporte do rachão na ponte milionária
03:18
Exceto o pichador de monumentos
Que desde já assina
O Pichador de Monumentos
03:18
Exceto Galdino
Cuja alma arde insone
Enquanto a Justiça ronca
03:20
Exceto o deputado com o pescoço
Encaixado na guilhotina
15:55
Juraria ter visto um cachorro
Juro
Poderia
17:45
A Esplanada ganha paletas
Impressionistas
Naïfs
Lisérgicas
Mas há os alérgicos
Este poema está no livro sobre a cidade
que vamos lançar em maio
(eu, André Giusti, Fernanda Barreto,
José Rezende Jr., Liziane Guazina e Nicolas Behr,
com design de Bruno Schürmann).
Mais informações aqui!
Tags: brasília, Brasília 50 anos, cidades, cinquentenário, coletânea, ficção, livro, outros 50, poesia, prosa
21/04/2010 às 13:40 |
vai pra lista dos favoritos! bj
21/04/2010 às 14:56 |
Valeu, Elô! Beijo.